Porque não devemos comprar animais? (Érica Fontoura)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


Esta é a Penélope. Fêmea, porte grande, muito bonita e saudável. Precisa de um dono urgente, pois já está a mais de 6 meses no CCZ da cidade de Jaguapitã-PR. Interessado em adotá-la? Ela estará na Primeira Feira de Adoção do GAP, que será realizada neste sábado (03/10/09) às 9:00 da manhã no Papa Dog da Av. Maringá - Londrina/PR. Em BREVE mais informações!


1. Por que é "estranho" e moralmente condenável comprar um animal?

Se para muita gente parece estranha a idéia de ter um animal de estimação que não tenha sido comprado, queremos aqui demonstrar que estranho é justamente comprar animais.
Se entendermos que animais não são mercadorias, mas seres capazes de sentimento, que têm necessidades de amar e de serem amados, concordaremos que não há sentido em se comprar animais.

Nós não compramos um amigo humano, porque deveríamos comprar um animal?

Há uma cruel tradição humana de entender que animais são coisas, são produtos, são fonte de renda e de lucro.

O comprador de animais em feiras de filhotes ou pet-shops muitas vezes não tem consciência disso, assim como desconhece a quantidade imensa de animais que aguardam adoção ou que aguardam a morte no corredor final do CCZ, Centro de Controle de Zoonoses das prefeituras. Muitas pessoas inclusive chamam a “carrocinha” desconhecendo que ali os animais na sua grande maioria encontrarão apenas doença e morte.

Queremos chamar as pessoas à consciência do mal que causam inadvertidamente ao adquirir/ comprar / pagar por um animal de estimação.

Essa compra, em geral, se dá por impulso. A pessoa vai passando, acompanhada de crianças, e o filhotinho com aparência de carente e com a "promessa" de ser mais um produto a divertir a família, chama atenção. O passo seguinte é sempre o mesmo: a criança pede, e o adulto atende, convicto de que está fazendo um bem para a criança e para o animal. Aliado a isso, o entendimento dos inconscientes de que estarão levando para casa um símbolo de status, um animal "de raça". Infelizmente, a maior parte destas "compras" resulta mais cedo ou mais tarde em abandono (animais têm necessidades crescentes, dão despesas, roem as casas, latem desesperados, comem cada vez mais, precisam de atenção, cuidados, vacinas, adoecem, deprimem-se, tumultuam, e por fim, envelhecem, perdem o viço do pelo, perdem dentes.... ver item 4 a seguir)


2. Mas de onde vem esse filhotinho?

Em geral, as pessoas desconhecem o que é um criadouro. Em geral, pouco se conhece dos criadores, pois nas feiras e pet-shops, vêem-se apenas os filhotinhos. E quem resiste a um filhotinho? Ainda mais se puder parcelar em cinco vezes...

Existe uma verdadeira Indústria de filhotes, que lucra mediante o sofrimento dos animais.

O Movimento de Defesa Animal em todo o país recebe um número cada vez maior de denúncias contra criadores. Nos últimos anos sugiram muitos criadouros "de fundo de quintal", mas os criadouros luxuosos e que vendem animais por uma fortuna também escondem crueldade e abuso por trás dos anúncios que trazem lindos animais.

As fêmeas são chamadas de "matrizes" numa clara evidência de que se trata de um “negócio”. Essas fêmeas têm filhotes após todos os cios. Quando as fêmeas envelhecem e não servem mais como reprodutoras, muitas vezes são abandonadas ou sacrificadas. Acontece o mesmo com os machos velhos que são usados em exposições. Além disso, como freqüentemente é feito cruzamento entre parentes, nascem animais com problemas físicos, que também são abandonados, por não possuírem valor comercial.

O risco de ver os animais como produtos é esse: para aumentar os lucros, vale tudo.

Por outro lado, é preciso reconhecer que aquilo que representaria “um bom criador”, isto é, um criador com escrúpulos, não seria muito lucrativo. Isso porque todo mundo que já teve uma família de cães e gatos em casa sabe como filhotes e mães não gostariam de se separar até 60, 90 dias. Isso significa que o criador já deveria estar incluindo ração na alimentação, vacinas, tratamento para vermes e pulgas. Ou seja, um “bom criador” deveria ter tido despesas que diminuiriam esse lucro que pretendem ter no seu “negócio”.

Mesmo o “bom criador”, porém, sempre comete o que entendemos ser o maior erro: considerar os animais como mercadoria.
Animais precisam ter sua dignidade respeitada, ser vistos como são, seres vivos com consciência da dor, da separação, da falta de liberdade para passear, para não ter filhotes em gestações sucessivas e todo o sofrimento que sempre advém quando são considerados coisas, produtos a gerar lucros.

Os animais não nos pertencem!

3. Então não devo ter animais?

Bem, não se trata disso. Uma vez que o mal da domesticação já foi feito e os animais já foram vítimas dele, há três coisas que DEVEMOS fazer:
A primeira é adotar animais que foram abandonados. Se você não tem coragem de pegar o cachorrinho ou gatinho que cruza por você todo dia na rua (por não saber o que fazer com ele ou por não ter como pagar os primeiros tratamentos), busque os sites de adoção de animais que já foram recolhidos da rua e aguardam uma casa definitiva.
Vá aos links deste site e busque as ongs que fizeram esse trabalho por você. Já é um apoio e tanto.

A segunda saída para o dilema de como ajudar os animais abandonados que sofrem nas ruas é não permitir que os seus animais ou de seus conhecidos procriem. O número de animais abandonados é grande demais, já não há lar para todos. Não aumente o problema, ajude a diminuí-lo. Os animais não têm qualquer necessidade de ter filhotes, como querem nos fazer crer. Não ficam mais calmos nem mais felizes por isso.

Por fim, você pode contribuir e muito, divulgando essas idéias. Conversando com as pessoas, porque a maior parte delas são pessoas bem intencionadas, e apenas mal informadas sobre a questão animal. Esclareça as pessoas que elas não valerão mais por terem animais de raça, não ficarão mais bonitas, nem mais importantes. Pelo contrário, quem vale, vale independentemente de coisas exteriores, vale por si.

E adotar um animal abandonado, sem raça, sem beleza externa só mostra o valor e a beleza de quem adota.


4. Resolveu ter a guarda de um animal de estimação?

Faça antes uma breve análise e considere:
1. filhotes de cão poderão mais de 15 anos e de gatos, até 20 anos. Você será responsável por ele para sempre.
2. animais dão despesas mensais e anuais: alimentação, vacinas, tratamentos, rações especiais, guia, cama, entre outras.
3. animais precisam de companhia. Deixar um animal sem a companhia de outro ou sem a companhia de humanos é crueldade e causa danos psicológicos.
4. o que será feito dele nas suas férias? A maior parte dos lugares, chamados hotéis, são gaiolas em que seu animal passará o dia confinado, sem sol, sem considerar que ele pensará que foi abandonado por você para sempre.
5. se você tem planos de viajar, mudar de casa para apartamento, sair do país, considere se é o caso de ter um animal.
6. um dia este companheiro ficará velho e, como todos nós, a velhice traz diferentes características na sua forma de ser e exige muito mais compreensão, atenção e despesas. O animal quererá ficar quieto, precisará exercitar-se e alimentar-se de acordo com sua idade, o que resulta em "menos diversão" para os humanos e mais despesa. Claro que, se você chegou até aqui, é porque é uma pessoa que fará tudo isso com o imenso prazer de ser solidário a vidas sencientes.

Assim, alie-se às seguintes idéias:

Amigo não se compra, se adota.
Animais não são mercadoria, não são produtos.

Faça um explorador de animais trabalhar, não compre ! Há muito trabalho digno no mundo humano. Ninguém que vive de vender animais parará de comer se esse “mercado” desaparecer. E esse mercado deve desaparecer !
Não ensine consumismo às crianças, ensine cidadania!



Fonte: GAE Grupo pela Abolição do Especismo - Porto Alegre.

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